APEGO X DESAPEGO
Abra o
guarda-roupa e com certeza encontrará vestimentas
que não usa há muito tempo. Umas saíram de moda, outras não servem, porém...
vai que um dia a moda volta... ainda vou emagrecer... As justificativas são inúmeras,
mas não desfaço de nenhuma das roupas.
Quantas e
quantas vezes em função de herança – casas, apartamentos, fazendas, joias,
dinheiro etc. -, as pessoas se desentendem, não conversam mais com os familiares,
perdem amizades. Quando muito, por que têm muito; quando pouco, por meio metro
de terra; quando quase nada, chegam a querer dividir o indivisível.
Outras
tantas vezes, observamos pessoas que pensam que o outro lhe pertence, que têm
posse sobre o outro, que é dono do outro e vice-versa. Presos pela visão
distorcida, ainda se atrevem a chamar isto de amor.
Vez por
outra, pessoas amigas de longo tempo, rompem relacionamentos, tornam-se
inimigas, apegadas que estão às suas crenças, por se julgarem “donas da
verdade” e acharem que têm “razão”.
Algumas
pessoas insistem em viver presas a uma história que ficou lá prá trás. Vivem de
recordações. Apegadas a um passado, fantasiam o presente, quiçá o futuro. Muitas
vezes não percebem que assumem o papel de vítimas e esperam que os outros
preencham suas expectativas, suas carências.
Às vezes
percebemos, ainda, pessoas que estão apegadas a situações que não fazem mais
sentido, somente pela rotina. Acomodadas, condicionadas, mantêm a mesmice.
Dos relatos acima descritos, a esse sentir-se
o “dono” de pessoas, bens, ideias,
crenças, comportamentos, chamamos de apego. Quanto mais praticamos o
apego, mais vulneráveis ficamos ao ciúme, a magoa, ao medo de perdas. A falta
do equilíbrio, da harmonia e do respeito leva-nos ao apego. O apego nos mantém
reféns e inseguros. É uma fonte de muito sofrimento. Quanta dor, quantas
lágrimas, quanto sentimento por nada. Muitas vezes nem percebemos, queremos ser
dono dos outros, das coisas e não conseguimos o mais importante que é ser dono de
nós mesmos.
Praticar o
desapego consiste em descobrir o que é essência, e que nunca se perde, só
aumenta quanto se compartilha. Aprendemos a discernir o que tem sentido, valor,
significado, a razão de ser e de viver. Com o desapego promovemos o
autoconhecimento. É a abertura para novos “achados”, experiências. É uma das
estratégias para conseguir ser livre, autônomo, realizado. O desapego é a
oportunidade de mudar, de crescer, de evoluir, de renovar, de ressignificar, de
focar no que essencial, de dar lugar ao novo.
Nascemos sem
nada. O que “temos” nos é emprestado. Não levaremos nada, absolutamente nada, a
não ser o rol das ótimas ações praticadas.
João Paulino
Quartarola
Consultor e Palestrante nas áreas de
Desenvolvimento Organizacional, Gerencial, de Equipes e Pessoal.
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